A menos que o Palácio do Planalto reveja sua posição, o Brasil deverá ficar sem embaixador de Israel nesta semana. Daniel Zohar Zonshine, que chefia a missão israelense em Brasília desde 2021, deixará o cargo na terça-feira (12/8) para se aposentar, e a cadeira permanecerá vaga.
A vacância não decorre de decisão do governo israelense, mas da falta de agrément ao diplomata indicado para sucedê-lo. Em janeiro, Tel Aviv nomeou Gali Dagan (ex-embaixador na Colômbia) para o posto no Brasil, porém o governo brasileiro ainda não concedeu a autorização formal para que ele assuma a embaixada.
A saída de Zonshine ocorre em meio ao desgaste das relações bilaterais desde o início do governo Lula, agravado pela guerra na Faixa de Gaza. Israel acusa o Brasil de adotar posturas favoráveis ao Hamas, enquanto Lula tem feito críticas à atuação militar israelense em Gaza, onde já morreram mais de 50 mil pessoas. O auge da crise foi em fevereiro de 2024, quando o presidente brasileiro comparou ações de Israel no enclave ao Holocausto; após a declaração, Lula foi declarado persona non grata em Israel e, em resposta, retirou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, rebaixando o nível da representação diplomática. Em 2025, o Brasil também ingressou formalmente, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em ação que acusa Israel de genocídio.
Antes de deixar o posto, Zonshine lamentou os atritos entre os dois países em um café da manhã com deputados do Republicanos. Ele afirmou, no entanto, que a embaixada continuará funcionando normalmente mesmo se a nomeação de Gali Dagan não for aprovada de imediato. Com a partida do atual embaixador, a representação israelense ficará temporariamente sem chefe de primeiro escalão, sinalizando maior distanciamento político entre os governos até que haja decisão sobre o sucessor.
