A Castanha do Pará é um produto nativo altamente valorizado em todo o Brasil e tem sido uma importante fonte de sustento para muitas comunidades, especialmente para as etnias indígenas. Estas comunidades, que se aventuram nas florestas em busca do fruto, desempenham um papel crucial na coleta, que, após ser processada, é comercializada a preços que proporcionam uma boa rentabilidade nos mercados.
Em Juara, no Mato Grosso, diversas etnias, como os Kaiabi, têm se dedicado à extração da Castanha do Pará. No entanto, ao longo dos anos, a produção tem se tornado cada vez mais escassa, em grande parte devido ao avanço das grandes lavouras que têm impactado diretamente os castanhais nativos.
Nicolau Morimã Neto, Coordenador Técnico Local (CTL) de Juara pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), informou que, na região indígena Kaiabi, a coleta anual de Castanha do Pará já alcançou entre 200 e 210 mil quilos. Contudo, em 2025, a extração total não ultrapassou 80 toneladas, uma redução significativa.
Segundo Nicolau, essa queda na produção é consequência das queimadas em excesso ocorridas no ano anterior, além da falta de chuvas e das altas temperaturas que afetaram os castanhais, debilitando as plantas e dificultando a subsistência de animais nativos que dependem da floresta. “As castanheiras, ao serem atingidas pelo fogo, ficam cada vez mais vulneráveis, o que compromete sua produção ano após ano”, afirmou.
Anteriormente, cada etnia coletava as castanhas em locais específicos, mas, atualmente, todas as áreas indígenas são devidamente mapeadas e numeradas, o que facilita o controle e a gestão da produção.
A expectativa para a produção de 2025, no entanto, é mais otimista, devido às chuvas que ocorreram mais cedo, o que trouxe esperança de recuperação para as plantações. “Estamos mais confiantes neste ano, com as chuvas antecipadas e as condições climáticas melhores”, explicou Nicolau.
O preço da Castanha do Pará, atualmente, é de R$ 12,00 por quilo. A Aldeia Tatuí, na Terra Indígena Kaiabi, agora conta com uma indústria que, além de beneficiar as etnias Kaiabi, também atende as etnias Piacá e Munduruku. Com a instalação dessa unidade, a produção será processada localmente, gerando entre 20 a 25 empregos, com a possibilidade de ampliação conforme a demanda.
Toda a produção de Castanha do Pará é comercializada com uma cooperativa sediada em Juruena, na região Noroeste de Mato Grosso, que se encarrega da distribuição do produto para os mercados.