Após críticas de produtores e vendedores de arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou nesta quarta-feira (29) que está avaliando a possibilidade de venda direta do arroz importado ao comércio local.
Segundo Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab, a decisão final sobre a modalidade de venda será tomada posteriormente, pois ainda estão trabalhando no leilão de importação. A medida provisória, publicada no dia 24, autoriza a Conab a importar 1 milhão de toneladas de arroz para abastecer o mercado interno e vendê-lo diretamente aos varejistas.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o arroz importado poderá chegar aos mercados em até 40 dias. Pelo edital da Conab, os fornecedores poderão entregar o arroz nos armazéns da Conab até 8 de setembro. O arroz será vendido a R$ 4 o quilo, com a logomarca do governo federal, em pacotes de 5 quilos por R$ 20 a unidade.
A Conab decidiu ampliar a distribuição do arroz importado para 21 estados, em vez dos sete inicialmente previstos, devido a pedidos de compradores de outras regiões. A estatal está considerando duas modalidades de venda: a venda direta e a venda por leilão, onde o produto é oferecido a agentes privados da cadeia produtiva.
Os produtores de arroz criticam a iniciativa, alegando que há produto suficiente no mercado interno e que a questão é logística. Eles temem que a venda direta a um preço inferior ao de mercado desestimule o plantio da nova safra e pressione as margens dos concorrentes. Além disso, questionam o prazo de 40 dias, pois acreditam que a situação de escoamento do arroz gaúcho estará normalizada nesse período.
O governo anunciou a ampliação do volume da primeira compra no exterior de 104 mil toneladas para 300 mil toneladas, com a intenção de equilibrar o mercado e garantir um preço adequado aos consumidores. A fixação do preço em R$ 4 por quilo foi baseada no preço médio do grão antes das inundações no Rio Grande do Sul, com um deságio de 20%.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que o governo irá monitorar o comportamento do mercado e decidir se haverá necessidade de novos leilões. A operação de importação deve custar R$ 7,2 bilhões ao orçamento federal, recurso liberado por meio de crédito extraordinário. O volume de 1 milhão de toneladas representa 10% do consumo anual de arroz no Brasil, estimado em 10,5 milhões de toneladas.
Em entrevista ao canal EBC, Fávaro destacou que o governo não pretende intervir no mercado, mas sim combater a especulação para retornar a um preço justo. Ele enfatizou que a importação de 300 mil toneladas não configura uma intervenção significativa, dado o volume total de produção no país.