A ouvinte de longa data da Rádio Tucunaré, Dyjeice Taimara Barcelos, ganhou recentemente os holofotes nacionais ao compartilhar nas redes sociais um hábito simples e minucioso de seu pai, Valdecir Barcelos: anotar todas as chuvas que caem em sua região. O vídeo, que soma quase 8 milhões de visualizações entre as plataformas, chamou atenção de pesquisadores, jornalistas e grandes veículos de comunicação como Jovem Pan, Jornal O Globo, Record e G1.
O trabalho de seu Valdecir foi tema do TCC do próprio filho, e posteriormente, publicado em um artigo cientifico de uma universidade colombiana, trazendo ainda mais visibilidade para o metódo inusitado do pai.
Segundo Dyjeice, a inspiração para o conteúdo surgiu ao perceber o carinho do público pela sua família e pelo modo de vida na roça, que ela já retrata em vídeos diários com culinária caipira e cenas do cotidiano rural.
“Eu sempre vi meu pai anotando quantos milímetros deu de cada chuva e achei que meus seguidores gostariam de conhecer isso. Como esse registro foi até tema do TCC do meu irmão, imaginei que teria alcance, mas nunca pensei que chegaria tão longe”
A reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que essa não foi a primeira vez que o patriarca da família Barcelos virou assunto na internet. Em outra ocasião, um vídeo em que ele cortava o cabelo da filha também viralizou, mostrando sua habilidade em diferentes tarefas do dia a dia. No entanto, foi a disciplina de anotar as chuvas — sem deixar passar sequer uma noite sem verificar a precipitação — que encantou o público e trouxe visibilidade à família.
O que mais chamou atenção do público e das mídias foi a disciplina de Valdecir Barcelos em aplicar uma prática antiga de observação da natureza para prever os períodos de chuva ao longo do ano. De acordo com Dyjeice, o pai começou a anotar as precipitações ainda antes de se mudar para o Mato Grosso, motivado pelo desejo de ajudar cunhados agricultores a identificar o melhor momento para o plantio. Desde então, nunca mais abandonou o costume.
O método utilizado por Valdecir tem como base os primeiros 12 dias de janeiro, cada um representando simbolicamente um mês do ano. Assim, se chover no dia 5 de janeiro, por exemplo, é sinal de que maio (5º mês) terá chuvas mais intensas. “Neste ano, no dia 8 de janeiro choveu 31 milímetros, e em agosto, mês 8, realmente caíram duas chuvas, algo incomum na nossa região nessa época”, explicou Dyjeice durante a entrevista.
Ela conta que a constância do pai impressiona.
“Perdi as contas de quantas vezes ele levantou no meio da noite para anotar quantos milímetros choveu. Nunca deixou passar nenhuma chuva sem registrar”
A prática, embora sem acompanhamento técnico, ganhou reconhecimento de estudantes e profissionais após a repercussão. Muitos afirmaram já ter aprendido esse conhecimento popular em cursos ligados ao clima e à agricultura.
A reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que a sabedoria popular registrada por Valdecir Barcelos reflete uma tradição que atravessa gerações: a observação atenta da natureza como guia para o trabalho e a sobrevivência no campo. Agora, com a ajuda das redes sociais, essa prática simples ganhou espaço nas grandes mídias e se transformou em um exemplo de como a cultura rural pode dialogar com a ciência e despertar interesse em todo o país.
