Enquanto a demanda por energia elétrica no Brasil segue em alta, a geração não consegue acompanhar o ritmo — e o resultado pode ser grave. Um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alerta que 11 estados, incluindo Mato Grosso, estão sob risco de sobrecarga na rede elétrica devido à expansão da geração distribuída, especialmente a solar . (Fontes)
Em Mato Grosso, 94% das subestações de fronteira operam com “fluxo reverso”, quando a energia excedente, gerada por painéis solares em residências e comércios, retorna para a rede causando sobrecarga (Fontes )
Embora o ONS afirme que não há risco iminente de apagão a curto prazo, alerta que, nos próximos cinco anos, é necessário planejamento para evitar colapsos. (Fontes)
Entre os estados em alerta estão Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo (Fontes).
Um levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) revela que entre 2010 e 2024 as tarifas de energia no mercado regulado subiram 177%, passando de R$ 112/MWh para R$ 310/MWh — aumento 45% acima da inflação oficial (IPCA de 122%) . No mercado livre, porém, o aumento foi de 44%, bem abaixo da inflação (Fontes).
Do lado do agronegócio e dos negócios residenciais em Mato Grosso, o impacto é considerável. A capacidade instalada de micro e minigeração distribuída (MMGD) alcança cerca de 2 GW hoje e deve dobrar até 2029, excedendo em 145% a demanda máxima prevista do estado (Fonte). O crescimento do setor agrícola em regiões como Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde intensifica o consumo, especialmente no período noturno, sobrecarregando ainda mais a infraestrutura (Fonte).
A reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que, em paralelo à crise energética, o Ministério Público Federal (MPF) recorreu contra o licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica Castanheira, em Juara. O MPF argumenta que o processo conduzido pela Sema/MT deveria ser de competência do Ibama, por envolver impactos potenciais a terras indígenas na bacia dos rios Arinos e Juruena. O recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª região busca a anulação do licenciamento e reforça a necessidade de proteção socioambiental da região.
No entanto, não há soluções concretas sendo propostas para mitigar o risco de apagões enquanto o litígio ambiental avança judicialmente. Fica em evidência um impasse preocupante: a expansão da geração verde traz benefícios ambientais, mas sem investimentos na rede elétrica e políticas integradas, Mato Grosso e outros 10 estados podem enfrentar apagões ou blecautes seletivos.
O que precisa ser feito, segundo especialistas:
- Reforçar a infraestrutura de transmissão e distribuição para absorver o aumento da geração local.
- Implementar políticas públicas que promovam eficiência e coordenem o uso da geração distribuída.
- Investir em tecnologias de gerenciamento de energia, incluindo armazenamento e automação de redes.
Até que medidas concretas surjam, a reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que o MPF exerce papel fundamental na fiscalização, mas o balanço entre preservação ambiental e segurança energética ainda espera respostas claras e urgentes.