Há 30 quilômetros da zona urbana de Juara, a Comunidade Catuai guarda histórias de pioneirismo, superação e amor pela terra. Entre seus moradores mais antigos está seu Pedro Rupullo, de 62 anos, que chegou ao local em 1981, vindo de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul.
Aos 18 anos, trocou a cidade pela mata nativa e, desde então, construiu sua vida ali, onde vive há 44 anos.
“Na época era tudo mata fechada. Levava até quatro dias pra ir de Juara até aqui. Hoje a gente faz esse trajeto em menos de uma hora”, relembra Pedro, enquanto observa o movimento tranquilo da comunidade que ajudou a formar. “Cheguei aqui sem nada, só com coragem e vontade de trabalhar. Tudo era no papel inscrito, sem telefone, sem celular, sem tecnologia. E mesmo assim, a gente era feliz.”
Produtor rural, Pedro criou seus três filhos na comunidade. Embora hoje eles vivam em cidades diferentes Juara e Sinop ele diz com orgulho que todos carregam as raízes plantadas em Catuai.
“Criei meus filhos com muito trabalho e valores simples. Aqui eles estudaram, brincaram, cresceram. A Escola Rui Barbosa, por exemplo, nem existia quando cheguei. A construção dela foi uma conquista enorme pra nós. Centenas de crianças estudaram ali, e hoje muitos são pais de família”, conta.
Pedro é testemunha viva do desenvolvimento da região. Ele se emociona ao falar sobre as mudanças que viu acontecer ao longo das décadas. “Hoje temos energia elétrica, asfalto em quase todas as estradas, celular, internet. É uma revolução. A tecnologia e o avanço da agricultura trouxeram progresso e aqueceram a economia da região”, diz ele, sem perder o olhar nostálgico por um passado mais simples.
Mesmo com tantas transformações, Pedro afirma que não pensa em deixar o lugar que chama de paraíso, e que jamais sairia daqui, porque esse é o seu lar, onde vivi tudo o que sempre foi. “Pretendo ficar aqui até o fim da vida.”
Sobre a tradicional festa julina da comunidade, que movimenta moradores e visitantes, Pedro é entusiasta. “É uma excelente iniciativa. A festa une o povo, traz alegria. Quanto mais festa, melhor! A gente precisa de momentos assim pra comemorar a vida.”
Pedro Rupullo é mais do que um morador antigo: é parte viva da história da Comunidade Catuai. Um símbolo de resistência, de raízes profundas e de amor pelo lugar onde escolheu construir sua vida.