Juara – Mato Grosso

6 de dezembro de 2024 07:03

Serviço de Hemodiálise no Vale do Arinos. Saiba porque não existe

Moradores do Vale do Arinos, que vivem o drama em suas famílias com pacientes que necessitam de hemodiálise, devido a insuficiência renal crônica, precisam se deslocar a Sinop para receberem as sessões, mas lutam para que exista um tratamento mais próximo.

A reportagem a Rádio tucunaré foi em busca de explicações para entender o motivo da não existência do serviço de saúde, no vale do Arinos.

Atualmente uma VAN sai de Juara, passa em Novo Horizonte do Norte e Porto dos Gaúchos e leva 15 pacientes para Sinop, afim de realizarem sessões de hemodiálise três vezes por semana pelo SUS. Existem mais paciente que se mudaram para outras cidades para ficarem mais próximos do tratamento.

Montar o serviço de Hemodiálise passa por critérios que hoje, o Vale do Arinos não tem como se enquadrar.

Uma máquina de hemodiálise custa 30 mil dólares, cerca de R$ 156.900,00 hoje, além disso, é preciso a estrutura física para abrigar esse equipamento e os pacientes. Até aqui não haveria dificuldade em conquistá-los.

Um importante quesito é que, segundo as regras do Ministério da Saúde, o município (Juara ou qualquer outro próximo) necessitaria ter uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no local, para poder fazer parte do programa de hemodiálise, mas as UTIs são custeadas pelo governo federal e cidades pequenas como Juara, não recebem esses recursos.

Cada paciente num leito de UTI de adulto custa, por dia R$ 1.984,00 em média para o município, devido as exigências de contratação de médicos exclusivos intensivistas, enfermagem para três turnos, aparelhagem, exames, etc. Montar a UTI não é problema, mas mantê-la funcionando dentro dos padrões exigidos, sim.  Por isso, é preciso conseguir receber os recursos do Governo. Sozinho, um município não consegue mantê-lo sem tirar de outros serviços básicos.

Aqui entra a viabilidade, pois não havendo demanda, ou seja, poucos pacientes que necessitem de UTI, o município estará arcando sozinho com o custo, pois o corpo clínico precisa ser mantido, com ou sem pacientes.

Se o município não tem demanda, montar uma UTI, embora seja de suma importância, o município estaria deixando de prover recursos em outros tratamentos, que necessitam de mais investimentos, como por exemplo, ortopedia, doenças infecto contagiosas, etc. cuja demanda é alta.

Juína possui 10 máquinas de hemodiálise paradas, porque o Ministério de Saúde não credencia nenhum município com apenas uma ou duas maquinas funcionando.

Essas máquinas chegaram na gestão do prefeito anterior, que conseguiu emenda parlamentar, para aquisição delas e como esse processo começou pelo município, as máquinas foram compradas, mas sem organizar o serviço.

O novo Prefeito assumiu e aconteceu uma grande reunião de todos municípios do noroeste, para buscarem uma solução.

A princípio funcionaria no Hospital São Lucas de Juína (particular), que tem UTI e que demonstrou interesse em construir e implementar o serviço de hemodiálise na rede privada e o SUS compraria o serviço, através de parceria, pagando o valor da tabela SUS.

O governador Mauro Mendes garantiu ajuda de custo, até o credenciamento do serviço junto ao Ministério da Saúde e então, o Hospital não aceitou, porque o SUS paga muito pouco, e como são poucos pacientes, não viram viabilidade econômica na parceria.

O SUS paga ao município que tem a hemodiálise, R$ 195,00 por sessão de hemodiálise de cada paciente, sendo que cada um, em média, realiza 3 sessões por semana, ou seja, ao mês, o município recebe cerca de R$ 2.340,00 por paciente.

Um médico nefrologista recebe por contrato de prestação de serviço R$ 30.000,00 em média, além dos demais profissionais de enfermagem e insumos para o serviço funcionar.

Só nesse cálculo matemático grosseiro, sem outros custos elencados, seriam necessários no mínimo 13 pacientes para pagar somente um médico e mais que o triplo, para bancar as demais despesas do serviço.

Além de tudo isso, o Ministério da Saúde tem parâmetros para credenciar novos serviços, cuja região tenha ao menos 150 mil pessoas, situação que exclui Juara e região.

Uma entrevista em vídeo está agendada com a primeira Dama de Juara Sílvia Sirena, ex-secretária e Saúde de dois municípios e ex- Presidente do CONASENS- MT, para explicar com detalhes essa questão sobre tais motivos desse serviço de saúde não estar funcionado no polo regional em Juara.

Fonte: Rádio Tucunaré e Acesse Notícias

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