A Bolívia foi a mais recente nação sul-americana a registrar a primeira morte pelo novo coronavírus (covid-19). Na noite deste dia (29), o ministro da Saúde do país, Aníbal Cruz, comunicou o falecimento de uma mulher de 78 anos que morava em Santa Cruz de la Sierra, a região mais afetada pelo vírus. A cidade boliviana faz fronteira com o município brasileiro de Corumbá (MS). Até este domingo (29) havia 81 casos confirmados da covid-19.
O país vem adotando medidas drásticas para tentar retardar o avanço da pandemia. No último dia 12, o governo declarou emergência nacional, com suspensão de aulas e fechamento das fronteira. A partir de quarta (25), a quarentena ficou ainda mais rigorosa: cada pessoa pode sair de casa apenas uma vez por semana, sob pena de multa e até de prisão.
“A presidente (interina, Jeanine Áñez) determinou que o último número da sua carteira de identidade indica o dia que você pode sair. No meu caso, é sexta-feira”, relata o atacante brasileiro Willie Barbosa, que atua no The Strongest, um dos clubes de futebol mais tradicionais da Bolívia, à Agência Brasil. “Posso ir ao mercado, à farmácia ou ao banco, únicos lugares abertos no país, mas só entre 7h e 12h. Fora isso, tenho que estar em casa”.
A quarentena obrigatória, a princípio, permaneceria até o próximo dia 4, mas o governo boliviano já a estendeu até 15 de abril. “Eu acho que é uma forma legal de evitar o contato com muita gente. Sabemos que (a doença) se espalha por meio desse contato, então temos acatado a determinação”, conta o jogador, que mora sozinho na capital La Paz. A família estava com ele mas retornou ao Brasil antes do fechamento das fronteiras – a volta não foi motivada pela pandemia.
O futebol na Bolívia está parado desde o último dia 15, quando foi disputada a 10ª rodada do campeonato nacional. Sem atuar ou poder treinar em campo, o atacante vem seguindo instruções passadas, à distância, pela comissão técnica do The Strongest. “Tomamos as precações do dia a dia e recebemos uma planilha de trabalhos para fazermos em casa”, resume o atleta de 26 anos, que está no país desde o início do ano.
No último jogo antes da interrupção, Willie marcou duas vezes na vitória por 3 a 0 sobre o Oriente Petrolero, chegando a quatro gols em oito partidas pelo The Strongest. Antes de ir à Bolívia, o atacante revelado pelo Vitória (BA) defendeu times como Vasco (RJ), América-MG, Atlético-GO, Bragantino (SP) e Ceará (CE), além de jogar nos campeonatos de Romênia, Grécia e Suíça. No ano passado, disputou a Série B do Brasileirão pelo CRB (AL).
“Estamos esperançosos, como todos, para que se encontre logo uma cura (para o novo coronavírus) e a gente possa voltar à vida normal, de trabalho, de luta. Dias melhores virão, isso não vai durar para sempre”, diz o jogador, que, pelas redes sociais, pede apoio de fãs e torcedores às medidas de saúde adotadas na prevenção à pandemia: “Quarentena não é férias. Vamos respeitar os procedimentos dos órgãos de saúde, porque essa batalha também é responsabilidade nossa”.