Juara – Mato Grosso

7 de outubro de 2025 16:26

Cuiabá tem pior resultado em gestão fiscal entre capitais, segundo índice da Firjan

A cidade de Cuiabá registrou, em 2024, o pior desempenho fiscal entre todas as capitais brasileiras, de acordo com o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado na última quinta-feira (18). O levantamento aponta que a capital mato-grossense encerrou o ano com nota zero em liquidez, o que significa que não possuía recursos em caixa suficientes para quitar despesas já assumidas.

O estudo também classificou como crítico o nível de investimentos realizados, colocando o município na última posição do ranking nacional.

Segundo o economista Carlos Castilho, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e mestre pela UFMT, os indicadores de Cuiabá ficaram abaixo da média nacional e também de municípios de porte semelhante. “O único ponto positivo foi o indicador de Autonomia, que atingiu nota 1, demonstrando capacidade de sustentar a estrutura administrativa. Já em liquidez, a nota foi zero, mostrando incapacidade de cobrir compromissos financeiros”, explicou.

Déficit e contenção de gastos

Em nota, a prefeitura informou que entre 2017 e 2024 as despesas cresceram 135%, enquanto a arrecadação aumentou 115%, ampliando o desequilíbrio fiscal. Assim que assumiu o cargo, o prefeito Abilio Brunini (PL) decretou calamidade financeira, apontando déficit de R$ 518 milhões herdado da gestão anterior, além de R$ 369 milhões em despesas sem previsão de pagamento.

Para enfrentar a situação, a atual administração anunciou medidas de contenção de gastos, incluindo a fusão de secretarias — como Esporte e Cultura, agora vinculadas à Educação — e a criação de um comitê de gestão fiscal, que acompanha mensalmente os números financeiros.

Além disso, uma comissão de revisão de contratos avaliou 881 vínculos firmados anteriormente, gerando, segundo a prefeitura, uma economia de R$ 217 milhões, sobretudo em serviços de Tecnologia da Informação. Para 2025, a previsão é de déficit de R$ 400 milhões, redução de 22,7% em relação ao ano passado.

Reformas estruturais

Especialistas ouvidos pela reportagem alertam, no entanto, que apenas cortar despesas não garante o equilíbrio a longo prazo. Para a consultora Selene Peres, uma das autoras da Lei de Responsabilidade Fiscal, o ideal é que o município adote reformas mais abrangentes.

“É preciso um diagnóstico detalhado. Do lado da receita, é possível ampliar a arrecadação sem aumentar impostos, por meio de cruzamento de dados e melhoria no relacionamento entre fisco e contribuinte. Do lado da despesa, cabe revisar a folha de pagamento, planejar melhor os gastos e avaliar ativos municipais”, afirmou.

Na mesma linha, Castilho reforça que apenas a austeridade orçamentária não é suficiente para devolver liquidez às contas da prefeitura.

Fonte: Rádio Tucunaré/Acesse Notícias

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