No último dia 21, a Câmara de Vereadores de Juara promoveu uma audiência pública para discutir com a sociedade o contrato de coleta, transbordo e tratamento de resíduos sólidos no município. O tema, considerado um dos mais polêmicos da atual gestão, mobilizou autoridades, representantes políticos e parte da população, embora a presença popular tenha sido considerada abaixo do esperado.
O debate foi motivado pelas críticas ao contrato assinado em 30 de dezembro de 2024, que prevê valores crescentes nos próximos anos e a futura cobrança de uma taxa de lixo à população. Segundo o Vereador Luciano Olivetto, o processo de concessão deveria ter sido mais discutido: “Um contrato dessa dimensão deveria ter sido amplamente discutido. Identificamos várias irregularidades já denunciadas ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. O município corre o risco de assumir uma dívida que pode chegar a R$ 1 milhão, enquanto ainda enfrenta carências graves na saúde pública”, declarou o parlamentar.
O vereador Zé Galvão reforçou a crítica, destacando que o processo “já começou errado” e que os valores envolvidos representam “muito dinheiro e muito tempo de compromisso para o município”. Para ele, a forma como a concessão foi conduzida coloca em dúvida a legalidade do contrato e a viabilidade econômica para Juara.
Já o vice-prefeito Léo Boy, que representou o Executivo na ausência do prefeito, afirmou que a audiência foi válida para prestar esclarecimentos e que a prefeitura aguarda um estudo técnico contratado junto ao Sebrae para definir como será calculada a tarifa do lixo e quem será responsável pelo pagamento.
“O estudo é que vai apontar a viabilidade e os critérios para essa cobrança. Até o momento, não existe definição sobre valores ou quem arcará com essa taxa”, explicou o vice-prefeito.
A reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que o debate refletiu um sentimento de insegurança e desconfiança da população, principalmente sobre o impacto financeiro que a taxa de lixo pode gerar nas famílias juarenses.
O cidadão Elion Rodrigues Martins, presente no plenário, fez duras críticas ao processo, lembrando que a população já enfrenta dificuldades com o alto custo da água fornecida em Juara e agora mais uma cobrança, dessa vez com a coleta do lixo.
O vice-prefeito Léo Boy, em sua fala, reforçou que a prefeitura busca respaldo técnico e jurídico para tomar uma decisão coerente, mas a falta de clareza sobre o impacto financeiro preocupa. Ele frisou que, até a conclusão do estudo do Sebrae, não há definição sobre valores e forma de cobrança da tarifa.
Do lado político, tanto vereadores quanto representantes da sociedade ressaltaram a necessidade de maior participação popular. O vereador Zé Galvão lamentou que a audiência não tenha lotado o plenário, destacando que “a comunidade precisa se inteirar mais do que está acontecendo, porque são decisões que vão afetar diretamente o bolso das famílias de Juara”.
Já o Vereador Luciano Olivetto reforçou que a Câmara e a sociedade devem se manter atentas, para evitar que o município assuma compromissos que possam desequilibrar as contas públicas.
A reportagem da Rádio Tucunaré e site Acesse Notícias apurou que, apesar das explicações apresentadas o assunto promete novos capítulos até que se tenha uma decisão assertiva e que por isso, mantém o tema como um dos principais pontos de tensão entre Executivo, Legislativo e sociedade em Juara.