Os preços do petróleo registraram alta nesta segunda-feira (22), em meio à crescente atenção do mercado para as medidas adotadas pelos Estados Unidos contra o transporte de petróleo da Venezuela. O cenário geopolítico voltou a ganhar peso nas negociações, enquanto outros fatores globais ficaram momentaneamente em segundo plano.
Segundo dados de mercado, os contratos futuros do petróleo Brent — referência internacional — subiram cerca de 2,3%, sendo negociados próximo de US$ 61,87 o barril por volta do início da tarde (horário de Brasília). A valorização reflete o receio de que haja impacto no fornecimento global da commodity, caso as restrições se intensifiquem.
Analistas apontam que o aumento da percepção de risco está ligado ao endurecimento das sanções norte-americanas sobre as exportações venezuelanas. Para Giovanni Staunovo, do UBS, o mercado passou a considerar mais seriamente a possibilidade de interrupções no fluxo de petróleo do país sul-americano, algo que antes era visto com maior tolerância.
Embora o petróleo bruto da Venezuela represente aproximadamente 1% da oferta mundial, essa participação ganha relevância em períodos de instabilidade internacional ou de restrições comerciais. Ainda assim, no segundo semestre de 2025, o crescimento da produção nos EUA e entre os países da Opep+ ajudou a compensar preocupações relacionadas a possíveis perdas de oferta em outras regiões.
Especialistas observam que, apesar desse suporte recente, os preços haviam recuado no mês anterior diante do temor de excesso de petróleo disponível no mercado. Para June Goh, da consultoria Sparta Commodities, os acontecimentos envolvendo a Venezuela são atualmente o principal fator de sustentação das cotações, enquanto a guerra entre Rússia e Ucrânia exerce influência menor do que em momentos anteriores.
No fim de semana, autoridades informaram à Reuters que a Guarda Costeira dos Estados Unidos realizou nova ação contra um navio petroleiro em águas internacionais próximas à Venezuela. Caso confirmada, será a terceira operação desse tipo em menos de duas semanas.
O movimento ganhou ainda mais força após declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, anunciando um bloqueio rigoroso a petroleiros venezuelanos que estejam sob sanções. Relatos de ataques envolvendo drones ucranianos contra embarcações ligadas à chamada “frota sombra” russa também contribuíram para elevar a cautela dos investidores e reforçar a pressão altista sobre os preços do petróleo.
