Uma entrevista concedida pelo presidente do SECOMJUR (sindicato dos empregados do comércio de Juína e região) José Aparecido Santos, nesta semana afirmou que mesmo devido a Pandemia da Covid-19 e das empresas que permaneceram fechadas devido ao decreto municipal, as empresas de Juína e região não demitiram funcionários em massa, como haviam boatos pela cidade, porém a repercussão da fala do presidente deixou uma grande maioria de comerciantes da cidade de Juína completamente revoltados, isso porque as demissões vem acontecendo semanalmente no comércio juinense.
Por exemplo, a churrascaria Juína que está funcionando há 20 anos terá que tomar decisões drásticas caso o quadro não mude nos próximos dias. Luciane Giglio, proprietária da empresa falou da dificuldade que vem enfrentando para manter seu quadro de funcionários, onde o faturamento é apenas de 30% do que era antes do fechamento do comércio, sendo que foi necessário demitir três de seus funcionários e dar férias para outros, onde não havendo uma solução imediata, a empresária teme em ter que demitir um maior número de funcionários.
Preocupada com a situação, Luciane ressaltou que as pessoas procuram seu restaurante e compram marmitas e comem dentro do carro e até mesmo na praça da cidade, onde acha que o isolamento social não está sendo cumprido pelo comércio de forma em geral, sendo que no restaurante existem sanitários e pias para que as pessoas possam fazer a higienização completa e atender as exigências que regem no decreto municipal, pois caso contrário, terá que fechar seu comércio e dispensar praticamente mais de 50% dos funcionários e passar atender somente como marmitaria.
Outro comerciante do ramo de alimentação que também está preocupado é o senhor Fábio José Giglio, proprietário da La pioneira especializada em comidas no período noturno (espetinhos)
Fabio disse que se sente prejudicado, onde já deu 20 dias de férias coletivas para todos seus funcionários, voltando com as atividades parcialmente no sistema de delivery, o que fez com que seu faturamento caísse em 75%, ficando praticamente inviável manter o quadro de 10 funcionários que a empresa possuí, mesmo não efetuando nenhuma dispensa de funcionários, Fábio afirmou que caso não haja uma solução que permita o funcionamento de pelo menos 30% das mesas com atendimento no local (respeitando a distância entre as pessoas), o comércio corre o sério risco de fechar as portas e todos os funcionários serem demitidos, pois não há receita o suficiente para cobrir a folha de pagamento e mantar o aluguel do prédio onde funciona o estabelecimento.
O empresário Lucio Araújo da Tropical Calçados que também já foi presidente da ASCOM, ressaltou que após um período totalmente com as portas fechadas, o comércio dele reabriu primeiramente com forma de delivery condicional, e posteriormente abriu de forma integral, obedecendo as regras impostas pelo decreto municipal que visa a higienização e disponibilidade de produtos de higiene como álcool gel para uso dos clientes, porém Lucio ressalta que as vendas decaíram muito, levando seu comércio a uma situação delicada, e lamentou a situação que estamos vivendo, sempre primando pela saúde da população e também para que os empregos sejam mantidos, mesmo com alguns reajustes nos salários e algumas demissões que não puderam ser evitadas.
Em relação a entrevista do presidente do SECOMJUR que afirmou que não houve demissões em massa de funcionários em Juína, a reportagem foi em busca de mais detalhes e números oficiais esse assunto no município.
A reportagem acompanhou a CDL/ASCOM que fez um rápido levantamento dos números de demissões e os números chegaram em aproximadamente 200 demissões números esses que poderão aumentar nos próximos dias caso a situação econômica não reaja e o restante dos segmentos não abra normalmente com atendimento aos clientes.
O assessor de comunicação da CDL/ASCOM João Paulo Morini, disse que não entraria no mérito do que foi dito pelo presidente do sindicado do comércio, onde as informações contrariam com a realidade presenciada pela CDL/ASCOM, que vem recebendo informações concretas de demissões de pessoal, reajustes negativos nos salários, diminuição de carga horária de trabalho como outras medidas que os comerciantes estão sendo obrigados adotarem.
João Paulo explicou que para muitas empresas a solução não é demitir os funcionários, até mesmo porque uma demissão gera custos para o empregador, onde até o ministério do trabalho terá dificuldades para atender a demanda.
Em relação ao comércio de restaurantes e lanchonetes, se esperava que houvesse um acordo por parte do poder público tanto da esfera estadual, quanto municipal, fato que não houve e com isso as demissões já começaram serem feitas, ressaltou João Paulo Morini, que ainda pontuou sobre a questão de um prévio levantamento feito com as empresas que realizam exames admissionais, constatando que houve um crescimento registro de 80 exames do dia 01 de abril até a data de hoje, em apenas uma das empresas, e lembrou que muitas empresas não realizam os exames demissionais junto ao sindicato, talvez isso não mostre os dados corretos dos funcionários demitidos durante o fechamento do comércio diante da pandemia do Covid-19, e que a situação é mundial e não somente na cidade de Juína.
Morini ainda completou que dados do SEBRAE, informaram que um número assustador de empresas que não possuía capital de giro já fechou as portas, e muitas empresas de grande porte estão estudando formas de enxugar o quadro de funcionários, devido à desaceleração econômica do país, onde os empresários estão deixando de faturar e seus colaboradores estão sendo os mais prejudicados.
Perguntamos se não é hora do executivo baixar um novo decreto para amenizar a situação desses segmentos que estão sendo afetado o representante da associação comercial disse que: que a CDL/ASCOM, vem lutando para que todos os segmentos comerciais abram suas portas e retomem as atividades normais dentro das normas de segurança, porém aguardam uma resposta por parte do poder público, onde a crise do comércio virou assunto jurídico, onde algumas cidades que abriram o comércio, resolveram dá ordens para fechar as portas novamente, e que a situação está ocorrendo a nível de Brasil e Juína não poderia ser diferente.
Outro segmento que vem ‘penando’ nesses últimos dias é o ramo de academias que através de um decreto estadual não podem funcionar de nenhuma maneira e pode ter um colapso ainda maior sendo que no município de Juína existem academias de musculação, artes maciais e de danças que geram empregos e renda.
Hoje, o município de Juína não possui nenhum caso suspeito ou confirmado do novo coronavírus.