O bebê de oito meses que morreu no Rio de Janeiro vítima do sarampo estava no grupo mais frequente de pessoas acometidas, que é entre 6 e 11 meses, de acordo com o Ministério da Saúde. O menino contraiu o vírus e desenvolveu uma pneumonia.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, explica que bebês de até 1 ano costumam ser as principais vítimas do vírus.
“A faixa etária mais acometida é a de menos de 1 ano de idade, porque a criança ainda não recebeu uma dose da vacina e espera-se anticorpos da mãe, mas muitas mulheres não têm atualização da vacina.”
Como o Brasil está em uma situação de epidemia de sarampo, a primeira dose em bebês pode ser aplicada a partir dos 6 meses (antes não é recomendada).
“Essa dose, porém, não conta para o esquema de rotina: continuam a ser necessárias duas doses a partir dos 12 meses”, salienta a Sociedade Brasileira de Imunologia.
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O secretário do Ministério da Saúde acrescenta que as mães não podem tomar a vacina durante a gestação, o que faz com que os bebês nasçam sem os anticorpos contra o vírus do sarampo.
“Nós não recomendamos a vacinação antes dos 6 meses de idade e a gestante não pode tomar a vacina, pois é feita com vírus vivo atenuado. Podemos ter casos em menores de 6 meses de idade, mas em frequência muito menor do que entre 6 e 11 meses de vida. É importante as mães evitem locais fechados e aglomerados com seus filhos, pois essas crianças ainda estão com seu sistema imunológico em formação.”
O médico Jorge Kalil, coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia, alerta para a necessidade de jovens e adultos estarem imunizados, justamente para evitar que pessoas que não podem tomar a vacina sejam infectadas.
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“O adulto jovem circula muito e pode levar [o sarampo] para grupos de risco, até mesmo em casa. E é um grupo que é difícil chamar para as campanhas de vacinação.”
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reafirma que a vacinação de adultos é para poupar grupos de risco, como gestantes, idosos, bebês e pessoas com a saúde fragilizada.
“As pessoas dessa faixa etária [de 20 a 29 anos] precisam pensar naqueles que são mais suscetíveis às complicações da doença. Neste público, problema não é a gravidade, mas o fator de transmissão da doença”.
No ano passado, o Brasil registrou 18,2 mil casos de sarampo — 16 mil no estado de São Paulo. Foram 14 mortes em SP e uma em PE.
Campanha
O governo federal relançou a campanha de vacinação contra o sarampo em todo o país. Neste sábado (15), postos de saúde vão abrir para imunizar crianças e jovens com idade entre 5 e 19 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde, 3 milhões de brasileiros nessa faixa etária não estão com as doses em dia. Na cidade de São Paulo, pessoas até 29 anos podem se vacinar.
O Brasil termina 2019 com números nada animadores no combate de doenças como sarampo, dengue e sífilis. Por diferentes razões, cresceram os casos das três, o que deixa em aberto um desafio para gestores da saúde pública em 2020.
O surto de sarampo que o país — principalmente o estado de São Paulo — viveu em 2019 deixou exposta a falha na cobertura vacinal que existe contra esse tipo de vírus.
Até meados de novembro, haviam sido confirmados quase 14 mil casos de sarampo (outros 18 mil permaneciam em investigação). O Ministério da Saúde registrou 15 mortes em decorrência de complicações causadas pelo vírus, sendo 14 no estado de São Paulo.
Segundo o governo federal, houve “um aumento expressivo da cobertura vacinal no Brasil” com as campanhas de imunização — em torno de 41%.
Os casos de dengue dispararam 500% em 2019 — de 252,7 mil no ano passado para 1,52 milhão. As mortes subiram de 146 em 2018 para 732 em 2019