Representantes de instituições financeiras presentes no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), avaliam que o novo corte da taxa Selic, anunciado nesta semana, ajuda pelo menos a manter um ambiente competitivo para o crédito rural. Mas ressaltam que a definição das condições dos financiamentos daqui para frente ainda dependerá de fatores como o comportamento das taxas de longo prazo.
Na última quarta-feira (5/2), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, deixando a Selic em 4,25% ao ano. O atual ciclo de redução dos juros tem sido comemorado por representações do agronegócio, para quem essa condição está de acordo com a realidade do mercado e pode baratear mais os financiamentos para o produtor.
“Temos que falar com os bancos, que estão tomando dinheiro a 4%, a 4,5% e conseguem emprestar dinheiro a juros tão competitivos quanto o crédito rural”, defende o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
Na opinião de Gilson Farias, gerente de desenvolvimento de negócios da Central Sicredi Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, o novo patamar da taxa Selic deve favorecer o crédito rural mais para frente. O custo mais baixo dos financiamentos tende a trazer mais oportunidades de negócios.
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSMIA/Abimaq), Pedro Estevão, pondera que o novo corte de 0,25 não deve fazer tanta diferença, como nas ocasiões anteriores. Na avaliação dele, a maior parte do que chama de “bônus” do recente ciclo de redução da Selic já chegou ao mercado.
Juros de longo prazo
De acordo com o mais recente relatório de crédito do Banco Central, divulgado no final de janeiro, a taxa média do crédito rural para pessoas jurídicas em dezembro de 2019 foi de 6% ao ano nos juros controlados (equalizados pelo Tesouro) e de 7,1% ao ano no crédito livre. Para pessoas físicas, os juros controlados foram, em média, de 6,4% ao ano e os livres, de 8,7% ao ano.
“Hoje, existem operações de 9% ao ano em 8 anos. Vamos avaliar e ver se os juros de longo prazo vão permitir alteração nas operações de longo prazo”, analisa o vice-presidente de Agronegócios e Governo do Banco do Brasil, João Rabelo.
Competitividade e crédito livre
O diretor comercial e de marketing do Banco CNH Industrial, Marcio Contreras, reforça a ideia de que, quanto mais baixa a taxa Selic, mais competitivo fica o mercado. Desta forma, o corte anunciado nesta semana pelo Banco Central ajuda a manter os financiamentos a taxas livres em patamares mais baixos.
Na avaliação dele, a nova taxa ajuda a reforçar a estratégia do governo, de deixar o crédito livre mais competitivo para os grandes produtores, direcionando o maior volume de financiamentos subsidiados para os pequenos e médios.
No boletim Focus do Banco Central divulgado na última segunda-feira (3/2), analistas do mercado financeiro indicaram a expectativa de que a taxa Selic se mantenha nos atuais 4,25% ao ano até o fim de 2020. Para 2021, é esperada uma taxa de 6% ao ano e para 2022, de 6,5% ao ano.